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Universidade Federal do Ceará
Grupo de Atenção Integral e Pesquisa em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa – GAIPA UFC

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TUTORIAL SOBRE ANÁLISE CRÍTICA DAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA EM ACUPUNTURA E MTC

Interpretar os dados de um artigo científico e produzir informações confiáveis que sejam úteis para a sociedade não é uma tarefa fácil para a maioria dos acadêmicos e profissionais. Entretanto, esta é uma habilidade essencial que permite o profissional ser independente no processo de construção do conhecimento e capaz de aplicá-lo na sua prática a fim de melhorar a qualidade, segurança, eficácia, efetividade e custo-eficiência dos serviços prestados em saúde.

Neste sentido, nós do Projeto GAIPA-UFC produzimos uma breve descrição das principais características e informações que devem ser extraídas de um estudo clínico, acompanhado de um vídeo tutorial e um roteiro de estudo, a fim de nortear a leitura crítica e facilitar a interpretação de pesquisas clínicas.

 

Como analisar um Ensaio Clínico Randomizado Controlado

Neste tipo de estudo, as perguntas de pesquisa referentes a segurança, eficácia ou efetividade de intervenções em saúde são respondidas através da comparação dos resultados de um grupo com um controle. A leitura do artigo deve ser dirigida a fim de responder as seguintes questões: O estudo foi publicado em revista indexada, com revisão por pares e com fator de impacto expressivo (SCI Journal) ou em uma revista predatória (Predatory journals)? O estudo possui qualidade metodológica aceitável (baixo risco de viés) e estimativa de efeito confiável (validade interna) (Escala PEDro, Interpretação score PEDro)? O protocolo do estudo foi registrado previamente a sua realização (ICTRP, REBEC, etc.)? Qual a pergunta de pesquisa e a sua justificativa? Qual o objetivo do estudo? Qual a população e local de estudo? Quais as intervenções realizadas nos grupos, foram bem descritas (Checklist CONSORT, Checklist STRICTA, Checklist TIDieR) e estão adequadas considerando o o referencial teórico que a fundamenta e o seu uso no contexto clínico? O grupo de comparação controlou os efeitos inespecíficos? Quais os desfechos (desfecho clínico ou substituto) e os instrumentos de medida utilizados? Quais os resultados pré e pós intervenção (média e desvio padrão)? Houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (valor-p e intervalo de confiança)? Qual o tamanho de efeito da intervenção (mean difference e Cohen’s d)? O efeito das intervenções foi clinicamente relevante (minimal clinically important difference – MCID)? Os efeitos da intervenção se mantiveram ao longo do tempo (follow-up)? Os autores cometeram alguma distorção na interpretação dos resultados (Spin)? Para qual população os resultados do estudo se aplica (validade externa)? O que este estudo modifica na minha prática clínica (aplicabilidade)?

Como saber qual grupo ganhou e de quanto ganhou? Através dos valores da média e desvio padrão (SD) dos desfechos de interesse, para os momentos pré/pós-intervenção e acompanhamento (follow-up), é possível calcular a diferença das médias na comparação intergrupos (mean difference between groups), que mostra se os valores de um grupo são diferentes comparados a outro e o tamanho de efeito, e na comparação intragrupo (within-group), que mostra se o efeito da intervenção é clinicamente relevante. Os valores da diferença das médias acompanhado do intervalo de confiança de 95% (95%CI) comumente são apresentados nas tabelas dos resultados, mas caso não estejam disponíveis no artigo, é possível calcular de maneira simples e rápida utilizando a Calculadora de Intervalo de Confiança da PEDro. Lembre-se que, para o cálculo da diferença das médias, se o 95%CI cruzar o “0” (zero) é indicativo que não houve diferença estatística significativa.

  • Roteiro para análise crítica de Ensaios Clínicos Randomizados <Clique aqui>.
  • Roteiro para interpretação dos resultados <Clique aqui>.
  • Link para o vídeo tutorial sobre “análise crítica de Ensaios Clínicos Randomizados” <https://youtu.be/n-pxf8AdwiM>.
  • Modelo de apresentação para as Reuniões Científicas GAIPA-UFC <Clique aqui>.
  • Cronograma dos temas e artigos discutidos nas reuniões científicas <Clique aqui>.
Itens escala PEDro

Itens da Escala PEDro para avaliação da qualidade metodológica (risco de viés) de Ensaios Clínicos

Obs:

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Como analisar uma Revisão Sistemática da Literatura com Metanálise

Este tipo de estudo realiza uma síntese sistematizada do que há na literatura científica a respeito de uma pergunta específica. Esta pergunta é formulada com base na estratégia PICOT, e o leitor deve identificar as respostas para as seguintes questões: O estudo possui qualidade metodológica aceitável (AMSTAR II) e foi publicado em uma revista com bom fator de impacto (SCI Journal)? Os itens da revisão foram bem reportados (PRISMA for Acupuncture): Quem foi a população e problema de estudo? Qual a intervenção de interesse? Qual foi a abordagem de comparação (lista de espera, tratamento sham/placebo, tratamento padrão)? Quais os desfechos de interesse (desfecho clínico ou substituto)? Em qual tempo (efeito imediato, a curto, médio ou longo prazo)? Quantos estudos foram incluídos na revisão e motivos para exclusão (PRISMA flow diagram)? Qual o tamanho da amostra (nº de participantes)? Qual o risco de viés dos estudos? Quais foram as comparações realizadas? Quais os resultados das análises? Qual o tamanho de efeito [Mean Difference (MD), Standardized Meand Difference (SMD), Risk Ratio (RR) ou Odds Ratio (OR)]? Houve viés de seleção dos estudos (funnel plot)? Qual a certeza na evidência (confiança no efeito estimado do tratamento) (GRADE)? O que os resultados do estudo modificam na minha prática clínica (aplicabilidade do estudo)?

Tabela. Interpretação do tamanho de efeito para testes estatísticos baseados na diferença e divisão.

EFFECT SIZE Small Medium Large
Mean Difference (MD) < 10 points or < 10% 10 to 20 points or < 20% ≥ 20 points or ≥ 20%
Standardized mean difference (SMD) Cohen’s d of 0.2 to 0.4 Cohen’s d of 0.5 to 0.8 Cohen’s d > 0.8
Risk ratio (RR) > 0.8 or < 1.2 0.8 to 0.5 or 1.25 to 2.0 < 0.5 or > 2.0

 

Itens importantes para interpretação dos dados de uma metanálise.

 

FONTES DE VIÉS

SOURCES OF BIAS IN CLINICAL TRIALS CONTROL
Selection bias  (biased allocation to interventions)

Random sequence generation;

Allocation concealment;

Group similarity at baseline;

Performance bias (due to knowledge of allocated interventions; co-interventions were different across groups; inappropriate compliance)

Blinding of participants;

Blinding of personnel/care providers;

Reported intensity/dosage, duration, number and frequency for both index and control intervention(s);

Intention-to-treat analysis;

Detection bias

Blinding of outcome assessor;

Timing of outcome assessments (measured at the same time);

Attrition bias (Incomplete outcome data; missing outcome data) Drop-outs should not exceed 20% for short-term follow-up and 30% for long-term follow-up and should not lead to substantial bias;
Reporting bias (Selective reporting) Study protocol is available;  Pre-specified primary outcomes;

*The psychological non-specific effects are associated with patient perceptions, beliefs, experiences, and expectations of patients.

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